sábado, junho 28, 2014

Entrevista - Técnico Fabiano Daitx abre o jogo ao PELEIA FC: "Quem precisa mudar para o nosso futebol ficar mais forte são os clubes"


              Hoje o NOSSO BATE BOLA ESPECIAL é com o técnico Fabiano Daitx, Campeão do segundo turno da Terceirona Gaúcha. O treinador é um dos jovens profissionais do nosso interior do estado que surge nesta renovação. Fabiano realizou uma grande campanha com Guarani-VA, após pegar o clube em meio a competição. Confira a entrevista EXCLUSIVA que o site PELEIA FC realizou com o treinador:

>>> Como você avalia a campanha do Guarani de Venâncio, Campeão do 2º turno ?
Fabiano: Considero excelente a campanha no segundo turno, lembrando que no primeiro o Guarani foi lanterna, com 5 pontos.  No segundo, jogamos 5 jogos, vencemos 4 e empatamos 1, destes 3 fora de casa, classificando em 1 no grupo. Depois vieram os mata-matas e vencemos mais 4 jogos chegando para final contra o são Gabriel. Total de 13 jogos, 9 vitorias 2 derrotas e 2 empates.

Arquivo Pessoal
>>> As duas finais contra o São Gabriel foram dois jogos emocionantes. A equipe reverteu um placar adverso. A força de jogar em casa foi fator importante, alem da qualidade do elenco ?
Fabiano: Fator local sempre é importante, em jogos decisivos entre equipes equilibradas qualquer detalhe faz diferença, os confrontos contra o São Gabriel foram muito diferentes e as torcidas fizeram isso acontecer. Jogando lá o são Gabriel teve apoio de 3 mil pessoas e fizeram grande jogo, coube a nossa torcida incentivar nosso time a fazer a virada em casa, foi decisivo, primeira vez que vi o estádio cheio e nos apoiando. Além da qualidade do time o clima criado pelo torcedor ajudou muito nessa final.

>>Assumir uma equipe em meio ao campeonato as dificuldades são maiores ?
Fabiano: Acredito que assumir um equipe ao longo do campeonato sempre é mais difícil, mas nesse caso conseguimos reverter a situação. Tenho que ressaltar o brilhante trabalho do professor Paulo Gilberto que assumiu a preparação Física e contribuiu muito para evolução da equipe. A direção também foi importante contratando jogadores para reforçar o grupo. O grupo de atletas comprou a ideia de fazer  a virada, buscar o acesso e se comprometeu, trabalhamos muito e com a sequência de vitorias foi ganhando confiança. 

>>> O elenco conta com jogadores até 23 anos e mais quantos jogadores experientes ?
Fabiano: Temos 5 jogadores com mais de 23 anos, e foram fundamentais para o acesso. O goleiro Gil, que mesmo não jogando sempre foi importante pelo apoio, e liderança do grupo. O zagueiro Márcio Nunes que comandou a equipe dentro de campo, Rafael  Bitencourt que foi nosso meia decisivo na bola parada e na frente Fábio Alemão e Paulinho sempre fizeram gols importantes. Além desses, jogadores como Feijão, Felipe, Carlão, Henrique, Ale, Otávio, Gelson, Cristian, Tinga e Padilha cresceram muito ao longo da competição. Não posso esquecer do jovem goleiro Henrique, que entrou após a lesão do Paulo e foi muito importante em vários jogos.

>>> Você acha que a Federação acertou em limitar a idade da Terceirona ?
Fabiano: Penso que sim, nosso futebol precisa de renovação, e esse regulamento incentiva isso. Acredito que poderia ser mudado a formula, penso que pontos corridos e subindo as melhores campanhas iria fazer com que as equipes apostassem em estrutura e condições de trabalho. Outra situação que a FGF poderia melhorar é fazer regulamentos mais claros e principalmente mais simples, tivemos caso de interpretações diferentes no caso dos 3 atletas acima da idade e dos que jogaram a série A. Algumas equipes foram prejudicadas e outras favorecidas.

>>> Para o torcedor lhe conhecer melhor, por onde passou, o técnico Fabiano Daitx e quais clubes têm boas recordações ?
Fabiano: Iniciei minha carreira de técnico no juvenil do Esperança de Novo Hamburgo, depois passei muitos anos nas categorias de base, trabalhei  no Caxias, Ulbra, ECNH, meu primeiro  time profissional foi o Cruzeiro, passei por clubes como Aimoré, Sapucaiense, Santo Ângelo, 14 de julho de Livramento. Tive boas campanhas no Glória e no Guarani de Camaquã onde quase conseguimos o acesso para série A.

>>> Você é um dos técnicos jovens que surgiram no interior com qualidade. Como observas essa renovação também com novos profissionais ?
Fabiano: Joguei futebol até a categoria júnior, entrei na faculdade de educação física e me preparei muito para exercer minha profissão. Tenho 3 pós graduação na área, sempre busco agregar conhecimento com a prática para continuar evoluindo. A concorrência é grande e a disputa exige qualificação.

>>> No inicio da carreira como técnico teve muitas dificuldades ?
Fabiano: A maior dificuldade no futebol é conseguir oportunidade, e isso eu agradeço a várias pessoas que apostaram em mim e no meu trabalho, posso citar Fernando Scheid, Armando Dessessards, Italgane,  João Ritter, João Lock, Gustavo Ferrão, Fabrício Azambuja, Ivar Saraiva, João Monteiro, Everton Giovanella e Luis Paulo Aissmann.

>>> Você teve a primeira oportunidade em comandar uma equipe do Gauchão neste ano com Lajeadense, como você avalia esta sua passagem por Lajeado ?
Fabiano: Minha passagem pelo Lajeadense foi de muito aprendizado, assumi um time que tinha sido vice campeão gaúcho, a responsabilidade era grande. Avalio de forma muito positiva porque o principal objetivo foi alcançado que era a permanência na primeira divisão. A sequência final de resultados foi determinante para minha saída, precisávamos de 4 pontos em 12 para classificar e não conseguimos. Tivemos vários problemas no decorrer do campeonato que afetaram o desempenho do time.

>>> Teve alguma decepção com futebol ?
Fabiano: Decepção tive várias mas a maior foi ser demitido fazendo boa campanha, não receber nada voltar para casa e ver minha esposa gravida,  ficamos vivendo de ajuda de familiares porque nosso dinheiro já estava acabando. Foi momento muito difícil, espero não passar novamente por isso. Quase larguei o futebol ali. Apoio e incentivo da minha esposa e família  sempre ao meu lado foram importantes para superar as dificuldades.

>>> O que precisa melhorar no futebol do interior do estado, principalmente nas competições como Série A2 e Terceirona, que não tem muito apoio da Federação ?
Fabiano: Quem precisa mudar para nosso futebol ficar melhor e ser mais forte são os clubes e não a FGF. Os clubes precisam se organizar, são comandados de forma varzeana, por pessoas com interesses políticos e pessoais. Um clube não pode viver de dinheiro da FGF para fazer campeonato. Acredito que o primeiro passo é investir em categorias de base, formar jogadores, esse será o caminho para o interior. 

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