"O Aranha precipitou-se um pouco querendo brigar com
a torcida. Se eu fosse parar o jogo ou gritar desde quando comecei a jogar, na
América Latina, aqui no Brasil e no interior, toda vez que me chamassem de
crioulo ou de macaco, aí todo jogo teria que parar. O torcedor, dentro da sua
animosidade, ele está gritando ali. A gente tem que coibir o racismo, mas acho
que não é tudo que vai coibir", disse.
Pelé acrescentou que "quanto mais atenção se der
para isso, mais vai aguçar esta coisa. Tem que coibir o racismo, mesma coisa
que pegar alguém de raça amarela, é racismo também, o pobre, como pessoa
discriminada, é racismo também. Então tem que tomar muito cuidado com as ações
das pessoas". Pelé destacou que é preciso verificar as reações do público,
porque podem ocorrer casos de torcedores que agem de forma negativa com a
camisa ou nas instalações de um clube justamente para prejudicar uma agremiação
adversária.
Pelé esteve hoje (10) na inauguração
de um campo de futebol no Morro da Mineira, no Catumbi, zona central do Rio
de Janeiro, que faz parte de um projeto de uma parceria da prefeitura do Rio de
Janeiro, por meio do Programa Rio + Social, com o Instituto Pereira Passos e a
empresa de energia Shell.
Na inauguração das novas instalações do projeto, Pelé
assinou camisas e até chuteiras e cumprimentou moradores. No meio
do campo, o Rei do Futebol entregou para o presidente da Associação de
Moradores do Morro da Mineira, Pedro Paulo Ferreira, uma bola autografada e
assistiu a uma apresentação de quatro integrantes de um grupo de passinho
(estilo de dança que mistura ritmos como funk, break,
samba, frevo e forró). Ao cumprimentar os dançarinos, surpreso com as
habilidades deles, perguntou: " Vocês são de borracha?".
Pelé também comentou um pouco sobre a seleção de futebol
do Brasil. Ele disse que o atacante Neymar já é uma referência em campo, por
isso não precisaria ocupar a função de capitão da seleção brasileira. "Se
o Neymar já é uma referência, acho que o capitão podia ser outro. É talvez uma
maneira de pensar. Acho que podíamos ter dois homens dentro de campo com duas
referências para o árbitro respeitar", disse. "Para se fazer uma
seleção não pode ter apenas o número 10. Tem que fazer uma equipe e Neymar
sozinho não vai ganhar a Copa do Mundo".
O Rei do Futebol também falou sobre o técnico Dunga, que
considera uma pessoa confiável e séria. Pelé disse acreditar na reestruturação
do time brasileiro, mas é preciso investir na formação de jogadores e não
deixar a tarefa para empresários. "Não é difícil remontar a seleção
brasileira se a gente realmente fizer um trabalho mais sério. Um dos problemas
que tivemos nos últimos anos, a seleção brasileira, embora tivesse os melhores
jogadores do mundo, a formação sempre dependia de empresários. Esse é um
cuidado que temos que ter daqui para frente. Para o empresário não interessa
muito se o time vai vencer ou não, o empresário quer é botar os seus jogadores
[na seleção]", disse.
Agência Brasil
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